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Povo NOKE KOI - O Povo Katukina

Nos últimos anos, a partir da atuação de jovens lideranças indígenas, está se consolidando o uso da denominação de Noke Kuin, que é livremente traduzida como “Gente Verdadeira”.

 

Internamente são ainda reconhecidas seis outras auto-denominações, que se referem aos seis CLÃS, nos quais se dividem: VARINAWA (povo do Sol) - KAMANAWA (povo da Onça) - SATANAWA (povo da Lontra) - WANINAWA (povo da Pupunha) - NAINAWA (povo do Céu) - NUMANAWA (povo da Juriti). 

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Entretanto, "Katukina" (ou Catuquina, Katokina, Katukena e Katukino) é um termo genérico que chegou a ser atribuído a cinco grupos lingüisticamente distintos e geograficamente próximos. Atualmente esse número se reduz a três: um da família lingüística Katukina, na região do rio Jutaí, no estado do Amazonas, e dois da família lingüística Pano, no estado do Acre.

Nenhum dos dois grupos PANO conhecidos pelo nome de "KATUKINA"

o reconhece como auto-denominação.

 

Os membros de um deles, localizado às margens do rio Envira, próximo à cidade de Feijó, preferem ser reconhecidos como Shanenawa, sua auto-denominação.

 

Os do outro não reconhecem no nome "Katukina" qualquer significado na sua língua, mas o adotam, dizendo que a denominação, na verdade, foi "dada pelo governo". Este verbete trata apenas do último dos referidos grupos aonde o nome “Katukina” tornou-se aceito pelos membros de suas aldeias, localizadas nos rios Campinas e Gregório.

A Língua Katukina pertence à família lingüística PANO.

 

A nasalização é uma de suas fortes características. A maior parte das palavras é dissilábica e oxítona e novas palavras podem ser formadas a partir combinação de duas palavras ou da inclusão de um ou mais sufixos. Os pronomes pessoais não fazem distinção de gênero.

 

Todos os Katukina falam a sua própria língua para relacionarem-se entre si. O português é usado exclusivamente para interagir com os brancos. Apesar do longo período de contato com estes, menos da metade da população Katukina é fluente em português.

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A língua falada pelos Katukina do rio Campinas e do rio Gregório apresenta diferenças significativas em relação à língua falada pelos Shanenawa.

"... Os Katukinas falam de um tempo em que viviam com os Kanamari nas cabeceiras dos afluentes do Biá, circulando entre este rio e o Mutum. Nessa época os Katukina eram nômades, não cultivavam mandioca e tinham uma alimentação à base de milho e de um cipó, tyiwi,

que tem um tubérculo cuja goma é comestível.

 

Um conflito entre os Kanamari os teria levado a deixar o Biá. Há dados lingüísticos

que permitem estimar essa separação há mais ou menos duzentos anos..."

São duas as Terras Indígenas PANO (TI) nas quais vivem os Katukina.

 

A TI do rio Gregório, a primeira a ser demarcada no Acre, no município de Tarauacá, é também habitada pelos Yawanawá. A partir de um processo de revisão de seus limites, concluído em 2006, essa TI foi extendida.

Os moradores dela estão localizados em aldeias localizadas no rio Gregório e no rio Tauari.

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A TI do rio Campinas, que fica na fronteira dos estados do Amazonas e do Acre, circunscreve-se nos limites dos municípios de Tarauacá (AC) e Ipixuna (AM). Apesar disso, a sede do município de Cruzeiro do Sul é o núcleo urbano que lhe fica mais próximo,  a apenas 55 quilômetros da aldeia. A TI do rio Campinas, em toda sua extensão leste-oeste, é cortada pela BR-364 (Rio Branco– Cruzeiro do Sul). Às margens da rodovia, os Katukina ali residentes distribuem-se em cinco aldeias: Campinas, Varinawa, Samaúma, Masheya e Bananeira.

Os CLÃS Katukinas

Os Katukinas dividem-se em 6 CLÃS:

Varinawa, Kamanawa, Nainawa,

Waninawa, Satanawa e Numanawa. 

 

Esses clãs organizam-se a partir de um princípio de unifiliação, mas, a esse respeito, os Katukina estão em desacordo: enquanto uns afirmam a matrilinearidade, outros afirmam a patrilinearidade.

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Aqueles que afirmam a filiação por linha materna buscam no passado o modelo desta ordem através de genealogias. Entretanto, aqueles que dizem que os Katukina são patrilineares também o fazem buscando este mesmo sentido de "pureza", de tradição.

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Recorrendo a qualquer uma das formas de traçar a filiação (materna ou paterna), os Katukina reforçam simplesmente uma idéia de "ancestralidade", mas sem articular diretamente com outros níveis da organização social.

"... É nas suas atuais "Brincadeiras", formas abreviadas de antigos rituais, que a constituição da sociedade emerge da interação entre os participantes, os Katukina enfatizam em sua própria história os contatos com grupos indígenas vizinhos, a partir dos quais reformulam e reconstroem seus arranjos sociais..."

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